25 de julho de 2013

Projeto da Associação «Sentir» passou pelo Museu das Migrações


Na foto (a partir da esquerda): Emília Carvalho, Gracinda Carneiro,
Deolinda Castro, Isabel Ferreira Alves, Elvira Leite e Patrícia Abreu

 
 
 
 
 
 
 
 
 
No passado dia 18 de junho, várias alunas seniores de Arões São Romão que integram o plano de atividades previsto no protocolo celebrado entre a Associação «Sentir» e a sua Junta de Freguesia, visitaram na companhia de Patrícia Abreu, educadora social gerontológica, o Museu da Migração e das Comunidades, em Fafe.

Tratou-se de uma das ações previstas no projeto «Ínclita Geração: passado, presente e futuro», com o objetivo de permitir reconhecer o passado do nosso Concelho, em particular o fenómeno da emigração. «Fafe sempre foi um concelho de emigração: assim o foi no final do século XIX, assim o foi depois do 25 de abril e assim o está a ser em pleno século XXI devido à crise económica que assola o nosso país desde 2008», recordou Isabel Ferreira Alves, diretora daquele Museu.

Às alunas visitantes foram prestados esclarecimentos sobre o ponto de partida desse fenómeno social, principalmente para o Brasil, ainda no século XIX e até meados do século XX (especialmente no período de 1836 a 1930), bem como as diversas marcas que a emigração deixou na então Vila de Fafe e no Concelho, particularmente no Jardim do Calvário (um dos ex-libris da terra), na «Fábrica do Ferro» ou na fachada do atual Hospital.

«Foram cerca de oito mil os emigrantes que naquela altura rumaram em direção ao Brasil; o retorno do seu dinheiro representou um alto investimento no Concelho, dando origem inclusivamente ao conceito dos «brasileiros», que ainda hoje perdura e continua associado a Fafe», explicou Isabel Ferreira Alves.

Nostalgia e admiração foram os dois sentimentos dominantes entre as visitantes, que puderam reviver o tempo da infância, especialmente no tocante às roupas que se usavam: «Usávamos na época lenços, saias compridas, com muita roda, e blusas de chita e chedre» concordaram Deolinda Castro, Gracinda Carneiro, Elvira Leite e Emília Carvalho.

Destaque nesta visita para os relatos de um fotógrafo que retratou com a sua objetiva as más condições dos nossos emigrantes. «Ele conseguia iludir a vigilância dos espiões que o seguiam indo a uma farmácia comprar adesivos e compensas, quando na realidade o que transportava eram os negativos sobre as miseráveis condições em que se lá viviam», referiu a Diretora do Museu.

As visitantes ficaram ainda saber que 2013 é o ano de Portugal no Brasil, depois de 2012 ter sido o ano do Brasil em Portugal (um acordo entre os ministérios da cultura de ambos os países, que representa uma importante aproximação cultural: «Prova disso mesmo é que recentemente vivemos uma viagem ao passado, com gentes do Brasil a fazer cá na nossa cidade o percurso dos "brasileiros", explicou Isabel Ferreira Alves, que acrescentou: «Surpreende a quantidade de pedidos que chegam ao Museu do Brasil a pedir informações sobre o paradeiro de familiares, nem que seja apenas para fazer a árvore genealógica, o que revela que no outro lado do Atlântico há também um grande interesse em conhecer o passado, mesmo quando venha de uma pequena cidade do Minho, no norte de Portugal».

Patrícia Abreu, dinamizadora da iniciativa, expressou no final a satisfação pela tarde bem passada e deixou o convite para uma visita ao Museu das Migrações e Comunidades em Fafe (criado em 2001), acessível também na internet, no endereço http://www.museu-emigrantes.org/.