Na foto (a partir da esquerda): Emília Carvalho, Gracinda Carneiro,
Deolinda Castro, Isabel Ferreira Alves, Elvira Leite e Patrícia Abreu |
No passado dia 18 de junho, várias
alunas seniores de Arões São Romão que integram o plano de atividades previsto
no protocolo celebrado entre a Associação «Sentir» e a sua Junta de Freguesia,
visitaram na companhia de Patrícia Abreu, educadora social gerontológica, o
Museu da Migração e das Comunidades, em Fafe.
Tratou-se de uma das ações previstas
no projeto «Ínclita
Geração: passado, presente e futuro», com
o objetivo de permitir reconhecer o passado do nosso Concelho, em particular o
fenómeno da emigração. «Fafe sempre foi um concelho de emigração: assim
o foi no final do século XIX, assim o foi depois do 25 de abril e assim o está
a ser em pleno século XXI devido à crise económica que assola o nosso país
desde 2008», recordou Isabel Ferreira Alves, diretora daquele Museu.
Às alunas visitantes foram prestados
esclarecimentos sobre o ponto de partida desse fenómeno social, principalmente
para o Brasil, ainda no século XIX e até meados do século XX (especialmente no
período de 1836 a 1930), bem como as diversas marcas que a emigração deixou na
então Vila de Fafe e no Concelho, particularmente no Jardim do Calvário (um dos
ex-libris da terra), na «Fábrica do
Ferro» ou na fachada do atual Hospital.
«Foram cerca de oito mil os emigrantes
que naquela altura rumaram em direção ao Brasil; o retorno do seu dinheiro
representou um alto investimento no Concelho, dando origem inclusivamente ao
conceito dos «brasileiros», que ainda hoje perdura e continua associado a
Fafe», explicou Isabel Ferreira Alves.
Nostalgia e admiração foram os dois
sentimentos dominantes entre as visitantes, que puderam reviver o tempo da
infância, especialmente no tocante às roupas que se usavam: «Usávamos na época
lenços, saias compridas, com muita roda, e blusas de chita e chedre»
concordaram Deolinda Castro, Gracinda Carneiro, Elvira Leite e Emília Carvalho.
Destaque nesta visita para os relatos
de um fotógrafo que retratou com a sua objetiva as más condições dos nossos
emigrantes. «Ele conseguia iludir a vigilância dos espiões que o seguiam indo a
uma farmácia comprar adesivos e compensas, quando na realidade o que
transportava eram os negativos sobre as miseráveis condições em que se lá
viviam», referiu a Diretora do Museu.
As visitantes ficaram ainda saber que
2013 é o ano de Portugal no Brasil, depois de 2012 ter sido o ano do Brasil em
Portugal (um acordo entre os ministérios da cultura de ambos os países, que representa
uma importante aproximação cultural: «Prova disso mesmo é que recentemente vivemos
uma viagem ao passado, com gentes do Brasil a fazer cá na nossa cidade o
percurso dos "brasileiros", explicou Isabel Ferreira Alves, que
acrescentou: «Surpreende a quantidade de pedidos que chegam ao Museu do Brasil a
pedir informações sobre o paradeiro de familiares, nem que seja apenas para
fazer a árvore genealógica, o que revela que no outro lado do Atlântico há
também um grande interesse em conhecer o passado, mesmo quando venha de uma pequena
cidade do Minho, no norte de Portugal».
Patrícia Abreu, dinamizadora da
iniciativa, expressou no final a satisfação pela tarde bem passada e deixou o
convite para uma visita ao Museu das Migrações e Comunidades em Fafe (criado em
2001), acessível também na internet, no endereço http://www.museu-emigrantes.org/.